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Dia Nacional do Atleta Paralímpico: Conversa com Tisbe de Souza

Dia Nacional do Atleta Paralímpico: Conversa com Tisbe de Souza
Voit - Todas as modalidades, infinitas possibilidades
set. 22 - 6 min de leitura
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Na última semana a VOIT bateu um papo com a Tisbe de Souza, atleta medalhista nos Jogos Parapan-Americanos 2019 na prova de paranatação, na categoria S5, 50m costas, sobre a vivência de um atleta paralímpico e a importância do esporte para as pessoas com deficiência. 

 

História de Tisbe 

Tisbe de Souza tem de 22 anos e começou na natação com 10 anos por indicação de uma fisioterapeuta, após ter realizado tratamento desde que nasceu para melhorar a sua mobilidade prejudicada devido a artrogripose (doença congênita rara que se caracteriza por múltiplas contraturas articulares). 

No princípio, Tisbe recorreu a natação na PUCPR como um meio de auxiliar no seu desenvolvimento físico, porém o técnico do projeto informou que aquele espaço era destinado a treinos e não para tratamento. A paratleta não sabia na época que pessoas com deficiência podem competir, mas mesmo o foco não sendo o seu tratamento o interesse em começar na natação falou mais alto. 

Com a rotina de treinos, Tisbe conquistou em 2011 a sua primeira medalha nos Jogos Escolares Paralímpicos Regional e foi o momento que se apaixonou por competir. Em seguida, participou dos Jogos Escolares Paralímpicos Nacional e conheceu muitas pessoas com deficiência, o que auxiliou no seu processo de aceitação. 

Apaixonada pelo esporte, uma das suas principais conquistas foi aos 16 anos quando bateu o recorde mundial de nado de costas. E a paratleta ressalta a importância do comprometimento para obter resultados: 

“Quando estamos no alto rendimento e focando em competições internacionais tem que treinar muito. As pessoas tendem a pensar que a dedicação é diferente dos treinos convencionais, mas não é. Talvez tenha um pouco menos de metragem, mas a dedicação e o cansaço são parecidos.”

Em 2017 Tisbe entrou na faculdade de Educação Física na UFPR, sendo um período de bastante dificuldade para  conciliar suas obrigações de atleta com a rotina de estudos. Em certo momento, a paratleta percebeu que não estava conseguindo realizar as duas atividades com qualidade. Com isso, em 2018 visando os Jogos Parapan-Americanos, a medalhista decidiu trancar a faculdade e se dedicar integralmente aos treinos. O resultado dessa escolha e da intensa dedicação, foi a medalha de bronze nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019 na prova de paranatação, categoria S5, 50m costas

 

A importância do esporte para pessoas com deficiência 

Para Tisbe de Souza, a parte mais importante do esporte para as pessoas com deficiência é o sentimento de pertencimento e o aumento do autoestima: 

“Nos sentimento fazendo parte de algo, capaz de fazer algo. Por exemplo, existem pessoas que são mais debilitadas e não conseguem andar, mas quando estão na piscina não precisam de nenhum tipo de auxílio, como cadeiras de rodas ou muletas. A piscina dá essa liberdade de usar o próprio corpo para se movimentar. Mas isso não se resume a piscina, o importante é convivência com outros dificientes para a troca de experiências e assim nos empoderando. Hoje não tenho vergonha de mostrar o meu corpo, a minha deficiência e minhas cicatrizes.”

Capacitismo

O capacitismo, podemos definir de forma resumida, como uma atitude preconceituosa e discriminatória que vê a pessoa com deficiência inapta para o trabalho e incapaz de cuidar da própria vida. Para Tisbe de Souza, as pessoas possuem uma visão muito limitada sobre o assunto: 

 “As pessoas tendem a olhar com a pessoa com deficiência com pena, mas como eu sou uma pessoa que pratica esporte eu sou vista como se eu fosse mais desenvolvida. O que é completamente é errado, tendo oportunidade e dando condições todos têm a capacidade de se desenvolverem.”

Contudo, a paratleta está otimista com as mudanças. Segundo ela, as conversas sobre os direitos das pessoas com deficiência estão sendo mais discutido e a própria visibilidades dos Jogos Paralímpicos aumentaram. 

Representatividade

Tisbe de Souza, ressalta a importância da representatividade das pessoas com deficiência. Segundo a atleta, mães de pessoas com o mesmo tipo de deficiência passaram a procurá-la após o Parapan: 

“Fico bem feliz de ter essa representatividade. A doença que eu tenho não é muito comum e após o Parapan vieram algumas mães de crianças com o mesmo tipo de deficiência que a minha perguntar sobre o meu tratamento, ficavam felizes de me ver tão desenvolvida e em saber que poderia ocorrer a mesma coisa com os filhos delas.”

Políticas  públicas de incentivo ao esporte para pessoas com deficiência

Tisbe de Souza, acredita que existe apoio da prefeitura de incentivo ao esporte para as pessoas com deficiência, porém também acredita que faltam programas de capacitação de profissionais para trabalharem com pessoas com deficiência. 

“A prefeitura tem espaços esportivos,mas ela poderia disponibilizá-los para pessoas com deficiência e trazer profissionais capacitados para o acompanhamento dessas pessoas. Também não apenas visar o esporte alto rendimento, mas também o esporte como saúde e lazer.”

Tisbe de souza também ressalta a importância de ter centros de treinamentos para pessoas com deficiência. O espaço que a paratleta treina é da PUCPR e com as normas de saúde devido a pandemia o local está fechado. Por sorte, a medalhista conseguiu um local gratuito para continuar treinando. Uma segunda alternativa para esse problema seria a realização de campanhas que aumentassem a visibilidade desses paratletas e por consequência também o número de patrocinadores. 

Sensação de ser medalhista

A emoção para a Tisbe de Souza se iniciou na convocação, ela nunca tinha feito parte da seleção brasileira e representar o Brasil foi muito importante: 

“A maior conquista da minha vida foi essa. Nunca tinha participado da seleção brasileira e ainda trazer uma medalha foi uma sensação que eu não tenho palavras.” 

Hoje no Dia Nacional do Paralímpico divulgamos  essa conversa com a Tisbe de Souza para mostrar a importância do esporte para pessoas com deficiência, da prática de inclusão e como a visibilidade transforma. Nós da VOIT desejamos um feliz Dia do Atleta Paralímpico!


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